domingo, 10 de março de 2013

O barulho do sol tocando o Horizonte.

Senta na janela, uma perna pendurada pra fora, a outra dobrada sobre o parapeito, no sobrado alto admirando a avenida movimentada -ou não- todas as tardes.
Quão boa pode ser minha vida olhando de cima dessa janela, pendendo meu corpo enquanto seguro firme nas persianas como se ela pudessem evitar uma queda...?
O que me impede de pular e sentir aquela brisa contra o rosto enquanto consigo ouvir as folhas que caem das arvores mais distantes? Poderia ouvir até mesmo o ruído que o sol faz enquanto toca o horizonte.
Um dia, quando caminhava por um caminho novo, aquele senhor de todas as histórias - velho, sábio e misterioso - me apareceu e disse que "Toda vez que o sol nasce ou se põe, ele faz leves sons ao tocar o horizonte, ele conversa com a natureza. Dá bom dia e mais tarde se despede. Mas só se dá conta disso aqueles que vêem a vida em segundos". Foi assim que eu descobri. Melhor forma de ver a vida em segundos.. dizem que ela passa como um filme diante dos nossos olhos na hora da morte. Numa queda, ao pôr do sol, eu veria a vida toda e terminaria com aquela visão do sol tocando o horizonte e fazendo barulhinhos suaves. Ao ouvir o sol, saberia que acabou.
Senta na janela e pendura suas duas pernas pra fora, com o sobrado refletido de vermelho. Vê os carros, pessoas, o sol. Sem pular de lá, presta muita atenção no sol. Visualiza sua queda, sente uma vertigem, quase se deixa cair, mas uma mão segura sua cintura e isso faz seu coração bater na altura da garganta.
Olha pra trás, vê dois olhos que brilham em tom de vermelho refletido do sol. Nesse momento, com o pôr desse sol nas pupilas negras e profundas, consegue-se ouvir mais que o sol no horizonte. Ouve-se o coração de duas pessoas ao mesmo tempo. Dentro e fora de mim.
Agora senta apenas perto do chão, pra sempre poder correr pro olhar com sons que a morte nunca saberia imitar.

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