Não sei por que as pessoas pedem cuidados e não deixam molhar
suas madeiras que ficam ao lado da cama. As marcas são sinal de uso e não de
desleixo.
Eu tenho cicatrizes e elas contam historias, não relatam descuidos.
Eu tenho varias marcas de copos no meu criado mudo. Estou regando
uma neste momento, com palavras e com as gotas que escorrem lentamente pela borda
da minha taça.
Fora isso, as marcas de caneta, as marcas de letras escritas
com força sobre um papel fino num dia de raiva, ainda vestígios dos adesivos
que colei quando era criança, mas que, ao virar uma adolescente que acha tudo
errado ou certo demais, tirei na pressa antes que alguém visse. (ri)
Acho que essas marcas contam mais de mim do que eu mesma. Quando
eu bebo algo quente ou frio, com ou sem álcool. Devo consumir aquilo que sinto
e sobram em mim as consequências de tal bebida. Sobram no meu criado mudo, as
marcas pra me lembrar cada coisa que passei, são as consequências dele. Do meu criado mudo.
Alias, se ele já não fala mesmo, deixemos que tenha pelo menos uma expressão de quem já viveu alguma coisa que possa contar. Lerei, nos seus desajustados ruídos e suas tantas manchas, as suas experiencias ao meu lado.
Alias, se ele já não fala mesmo, deixemos que tenha pelo menos uma expressão de quem já viveu alguma coisa que possa contar. Lerei, nos seus desajustados ruídos e suas tantas manchas, as suas experiencias ao meu lado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário