quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Há tanto espaço...

Há tanto espaço numa mente vazia.. num coração sem sentimentos.. nos olhos de quem espera.. nas mãos de quem deseja.
Um enorme vazio que preenche um corpo.
Tem sangue gotejando no quintal, uma sacada cheia de folhas secas, tem uma cama desarrumada com algumas roupas espalhadas e ainda com o calor de alguém  Ao lado da escrivaninha a pilha de livros antigos empoeirados.
O céu não tão negro como sempre falam, nem tao azul como sempre esperam. Uma brisa suave, nem fria, nem quente. Na geladeira, garrafas meio vazias, meio cheias de água  ao lado das maçãs estragadas e dos pêssegos verdes.
Respirando fundo esse ar cheio de nadas, seu corpo se enchendo a cada segundo com mais nada...
Lábios secos, olhos lacrimejando, sons abafados em algum lugar e um arrepio suave que percorre cada parte do corpo vulnerável.
Há tanto espaço... esta goteira sai de mim, que acordei sem nada, só meu grande nada ao redor.
Vi nada, respirei nada, ouvi nada, senti nada.
Meu nada sufocando cada palavra que tento dizer, balbuciar, pra que fique somente entre eu e eu mesma.
Me afogo em tantas coisas que não estão aqui. Isso não poderia continuar, não tem Nada para continuar.

Vou ficar aqui esta noite. Não pretendo fazer mais Nada.

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