segunda-feira, 19 de março de 2012

O gosto de azul, cheiro de abelha que pousa no som das mesas que parecem não ter forma.

Meu texto é incompreensível, mas você pode gostar de ler.
Estou debilitada, incapacitada, inutilizada, descuidada, descartada, estragada e finalmente... constipada.
A cabeça gira, a garganta arde, o nariz escorre..machuca.. não respira..funga..dói, os olhos murcham e ficam preguiçosos, o corpo fica mole como gelatina pronta pra tombar, as mãos cansam de assoar e logo o ouvido pode parar de escutar...
Tempos de seca e tempos de sol, fica frio e chove depois fica calor e venta e então fica frio e faz sol enquanto neva na lareira de cheiro de pizza e gosto de verde.
Se você não entendeu o que eu disse nesse momento, definitivamente, você não está gripado, nem resfriado, nem constipado... ao menos, não de verdade.
Bem, começo agora o tal do meu texto. Espero que se resfriem pra conseguir imaginar.

Estava sentada, no alto de uma vermelha, cheirava como o céu e tudo tinha gosto de azul.. De repente, sinto uma enorme dor, como se cada fio de cabelo fosse amarrado numa torta de cereja gigante e que essa torta só tinha abelhas por perto. Essa dor entrou pela minha nuca, senti um amarelinho la dentro do cérebro e aos poucos foi ficando um cheirinho de pandas e ovos de pascoa no ar...
Meu vestido cor de pedra com limo estava todo sujo de abobora; minha fita de cabelo que antes era um bolo de chocolate, agora mais parecia com um revirado de macarronada, não era mais fofa nem macia, era gosmenta e marrom. Ouvi cada gosto de cor e cada cheiro de.. Ouvi todos os cheiros.
Eis que, quando pego nas mãos aquela rosa laranjada, que brilhava ao sol da madrugada, sinto o mais maravilhoso gosto de maçã e cheirinho de lilas borbulhando em minha mente.
Mais alguns poucos e passei a não sentir mais nada, não havia um céu pra avistar em toda uma imensidão de vazio, não havia mais cheiro de cores que invadiam a mente anteriormente, não tinha mais sabor em nada que eu tocava, não tinha mais forma nada que eu lambia. Fui perdendo a sensibilidade, quando meu resfriado passou, adoeci. Agora o azul é uma cor, a comida tem sabor que sinto apenas na boca e cheiro que sinto pelo nariz, as formas são de mesa, cadeira, bola, pessoa, fruta, coisa. Ouço apenas sons que fazem o bater de taças, o carro que passa com seu pneu no asfalto... não sei mais o som das cores e sabores. Não sei por que fiquei doente dessa forma, não sei como esse saudavismo ou coisa assim surgiu e me tirou a gripe que permitia transformar tanta coisa em outras coisas.. me deito de baixo de uma arvore, sonho, vejo uma abobora-vestido, visto-a e como todos os vermelhos que encontro por trás, cheiro todas as cores e saboreio cada... saboreio tudo.  Não me acorde, por favor.

Um comentário:

  1. Aff, gripe é um saco mesmo. E você descreveu muito bem essa sensação horrível de não sentir cheiro de nada, e sentir o mundo do olfato todo trocado! :(
    Melhoras, fofa!
    Beijos!

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