segunda-feira, 15 de abril de 2013

7 DESABAFOS - 22 anos e 4 meses

Decidi, pela milésima vez, que vou mudar. Ja decidi isso em outros momentos e não mudei de fato, mas dizer que decidi mudar... bem, parece que causa alguma mudança.
As mudanças acontecem muito mais para mim que para os outros, os que veem de fora.
-----devaneios enquanto escrevia, paro um pouco, faço outras coisas, volto rindo-----
as vezes alguém diz algo e termina a frase se despedindo com um elogio bobo no vocativo.. a resposta que damos pode ser um elogio bobo no vocativo de volta... ooooou... um corte brutal. "flw, cara!".
-----devia ter continuado com meu texto e ficado quieta-----
Uma mudança interna começa quando vemos nossos resultados de fora.. como num daqueles sonhos onde você se sente flutuar e se dá conta que está se olhando dormir la de cima. Tanta espera e tão pouca ação. Tantas vontades e tão pouca realização. Tantos sonhos vistos la de cima por nós mesmos.
-----deixei minha inspiração inicial se confundir com as musicas que ouvi e acabo de me ver perdida novamente-----
Me lembro bem que queria mudar.. alias, lembro que estou mudada. deve ter algo a ver com aquela leitura linda, com essa relação instável e confusa, com essa dor nos ombros, até mesmo com essa náusea/ânsia que vem com a muralha de sentimentos. Me peguei pensando em pessoas que se cortam para aliviar dores e chateações, me peguei fazendo um micro-corte leve no pulso e pensei na mesma hora "cara, não dói, tá mais praquela agonia de cortar a mão com papel.. arde, coça.. não dói." Me da ânsia lembrar.
-----eu não me corto-----
Sempre que definimos uma mudança na vida, a vontade que dá é fazer uma mudança física radical, pra expor nossa diferença interior. Talvez eu queira mudar algo agora, mas não sei o que fazer. Minha mudança de roupa foi boa hoje, assim como a de maquiagem..assim como a de corte de cabelo. - não, essa eu não fiz, ainda não posso... talvez se eu ainda quiser depois de junho... quem sabe.
-----depois de sentir uma pontada forte no peito e uma dor profunda no pescoço-----
Quando testei o corte no pulso, aquele pequeno e leve que não vai deixar nem cicatriz, enfim, não saiu sangue.. saiu, mas não escorreu como eu imaginei, nem formou uma gota... decidi que não faz sentido. eu não me cortaria. Não tem graça ver ficar vermelho e não escorrer como nos filmes... cortarei quando quiser tirar um litro de sangue, mas daí não contarei pra ninguém  acredito q estarei muito idiota pra fazer isso comigo mesma - não quis julgar quem se corta apesar de parecer que estou julgando...só digo que não faz o menor sentido na MINHA vida...talvez na sua faça - então vi que já devia ter me livrado dessas lâminas bestas que estão a tanto tempo no meu quarto por outros motivos...
-----eu não joguei fora, talvez nem jogue-----
as decisões internas acontecem tão claramente pra mim, mas fica tão difícil externalizar isso.
Quero dizer uma coisa... Não sou a mesma dos últimos anos, aliás, quando eu tinha meus quinze anos, eu não era nem parecida com o que eu virei hoje. Não vamos julgar...todos estão passando por isso, mas eu estou na crise dos 22 anos e 4 meses.
-----USEI MUITO A PALAVRA NÃO NESSE TEXTO...LEVE ELE EM CONSIDERAÇÃO, OU NÃO-----

sábado, 6 de abril de 2013

a vaca da vida

se dava muito facilmente a todos que piscavam ou respiravam perto dela.
mal falada, sem moral e sem honra, as pessoas não a chamavam de prostituta apenas por ela não cobrar nada alem do próprio prazer.
já namorou com o rapaz dos pescados, com os homens do trem, pedreiros e enfermeiros dos postos, cada homem do asilo ou do bar da esquina.
coitada e insaciada, na verdade era simpática, mas mulher alguma queria fazer amizade. toda sua delicadeza não compensava sua aparência denegrida.
em cada canto e em cada beco se encostando em cada velho ou jovem que passa por perto.
um nobre em seu carro grande desceu a rua com porte e dinheiro, viu a moça tão solta e rindo enquanto se lavava num tanque e numa poça, deu-lhe um cheiro no cangote e pegou-a no braço.
os homens não se conformaram, as mulheres saíram nas janelas em fofocas e blá blá blás, a moça fora puxada pra dentro de um carro muito mais caro do que qualquer residencia da cidade.
linda e simpática  sorria e acenava pelo teto solar do carro enquanto o homem segurava suas pernas pra que não caísse.
ria como nunca havia rido com homem algum. era como se nenhuma frase fizesse sentido, como se o vento levasse não só seus cabelos, mas todos os pensamentos também.
as mulheres viram a cena, admiraram a beleza que nunca haviam notado naquela vaca sem graça que esbarrava nos maridos das velhas...
satisfeita com cada toque, com cada respiro. mais satisfeita que com qualquer desses homens que haviam dado um minimo de carinho para conquistar seus melhores movimentos.
maldita que não prestava estava melhor que todos, a cidade aplaudia e dizia com toda a falsidade na cara "parabéns, case! seja feliz! estamos felizes por você!" .
as velhas perderam seus maridos, os velhos, os jovens, pedreiros, enfermeiros, todos os homens. eles se foram. as mulheres ficaram sozinhas chorando e implorando pra que a bela moça voltasse.
a moça não voltou, não voltaria nunca mais. nem os homens da cidade. nem a alegria das mulheres que até hoje se arrependem a cada segundo por não ter feito amizade com a moça. muita coisa podia ter sido diferente. tente imaginar.